terça-feira, 10 de maio de 2011

Clássico


Bom dia.
Hoje a noite teremos mais um clássico entre Palmeiras e Corinthians. A expectativa de ambas as partes é grande. O local da partida ainda não foi decidido, mas a escalação será a mesma da partida passada.

Mas antes de começar a narrar este jogo, tenho que contar pra vocês como foi o início deste clássico...

... foi em 2004, em Abril ou Maio. Estávamos todos reunidos em casa: meus tios, minhas tias, mamãe, papai, cachorro, gato e também o periquito.

Era a grande final do campeonato brasileiro. Palmeiras de um lado, Corinthians do outro. Estávamos todos sentados, com camisa alvi-verde, terço na mão e fé no coração. E antes que o juiz apitasse o início da partida, a campainha tocou. Era meu vizinho, e pior corintiano...

Meu pai mandou desligar a TV e fingir que não havia ninguém ali, mas minha mãe, que não gostava tanto de futebol e tinha o 'coração mole', abriu a porta e perguntou:

"Boa Noite Sr. Augusto, posso lhe ajudar ?"
"É que a TV de casa pifou e como é final de campeonato, não posso perder nenhum lance da partida." - respondeu o cretino.
"Mas é claro." - disse mamãe.

E antes que minha cara fechasse de raiva por conta da maluquice de mamãe, eis que surge um rosto de menina: olhos brilhantes, boca avermelhada, cabelos castanhos escuros, pele branca e nariz empinado.

"Esta é a minha sobrinha Bruna." - disse Augusto.
"Como ela é bonitinha..." - Comentou mamãe.
Papai não perdeu tempo e comentou:
"Só estraga esse pano de chão que ela está vestindo." (e todos caem na gargalhada...)

O jogo ia começar. Todos sentaram. Os palmeirenses oravam pra Maria, os corintianos pra São Jorge.
Apitou o juiz. A bola estava rolando!

O clima estava tenso. Enquanto todos roíam as unhas olhando pra TV, eu fica olhando pra garota e pensava: Como é que pode nascer uma coisa tão linda assim ? Que pele. Que boca. Que nariz. Devia ter belas pernas. Devia ter belos seios. Devia...

Eu não conseguia me concentrar na partida. Aliás, naquele momento, a partida já não fazia mais sentido pra mim. E digo mais, naquele momento eu faria qualquer coisa pra tê-la em meus braços, trocaria até de time.

...

Há muito tempo que eu não sentia aquilo. Eu precisava conquistá-la. Aquilo seria um verdadeiro título de campeonato.

Fim do primeiro tempo: 0 a 0. O jogo estava truncado, o juiz apitava até pensamento...

Enquanto os homens foram pra varanda, as mulheres foram pra cozinha. Eu fiquei sentado no sofá (como se a garota fosse sentar do meu lado e começar a conversar)...

Eu precisava ir ao ataque. O 0 a 0 não me servia. Foi quando tomei coragem, fui à cozinha é disparei:
"Mãe, vou à padaria buscar uma coca-cola."
"Vá e busque um maço de Marlboro pra mim." - disse ela.

Foi quando enchi o peito, fingi que não fazia tanta questão e perguntei, quase que gaguejando:
"Quer ir comigo Bruna ?"
"Sim. Vamos. Preciso tomar uma ar mesmo..." - ela respondeu.

Respirei aliviado, abri um sorriso e fomos à padaria...

...

Enquanto caminhávamos, eu pensava no que falar, ela me olhava com um semblante calmo e tranquilo, como se nada estivesse acontecendo (o que chegou até a me irritar)...

Depois de cinco minutos sem falar uma palavra sequer, me veio uma coragem súbita. O coração disparou, as vistas escureceram, as mãos ficaram frias, a voz gaguejou, mas consegui falar:

"Vamos sentar um pouco naquele banco ali ? Preciso te contar uma coisa..."
"Não. Acho melhor não." - Ela responde

Meu mundo desmoronou. Ela não quis nem saber o que eu tinha pra falar. Até que ela completa:
- Brincadeira, vamos lá.

Meu mundo se ergueu novamente.

Naquele momento me senti como um cachorrinho. Daqueles que quando o dono briga, fica triste e cabisbaixo, mas quando o dono brinca, abre o sorriso e quase que mija pelas pernas de tanta alegria.

Sentamos no banco. Virei de frente pra ela e comecei a falar...

"Desde que te vi entrando por aquela porta, não consigo prestar atenção em outra coisa. Esses seus olhos, seu cabelo, (Naquele momento com uma mão segurei sua mão esquerda e com a outra fiquei ajeitando seu cabelo por dentro das orelhas e continuei falando...) sua pele, seu sorriso. Sei que é extremamente cedo pra isso, mas eu vou arriscar..."

Beijei a boca dela. Ela retribuiu com sua língua, macia e gelada, que fazia de mim, naquele momento, o cara mais feliz de todos!

...

É, eu tenho que concordar, foi um lindo início.

Do resultado do jogo eu nem me lembro. Posso procurar depois na internet, mas que realmente, depois de ver aquele rosto entrando em minha casa, depois de pegar na sua mão, depois de sentir aquela boca que se encaixava na minha, pude ter certeza que o placar do amor estava aberto.

...

Essa foi a história do início desse clássico, que contando agora pra vocês, me fez pensar:

O que seria do Palmeiras sem o Corinthians ? O que seria do Corinthians sem o Palmeiras ?

Quando a gente ama não tem preconceito. Não tem maldade. A cor da camisa não importa. E digo mais: Se não tivesse o adversário do outro lado do campo, a partida perderia todo o sentido... (Será que é por isso que Deus deixou o diabo... deixa pra lá).

Agora deixa eu correr pro aquecimento. A partida já vai começar. Lembrando que hoje, os times vão jogar sem camisa e sem bermuda, mas entrarão em campo com o coração e o tesão, tesão o qual, sem o adversário do outro lado do campo, jamais existiria.

(Marcus Paulo Moreira Matias)

9 comentários:

  1. A magia do futebol foi atrapalhada pela do amor, mas ta valendo...depois preciso entrar nesse e no outro post.

    Obrigado!

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  2. Pô. Será mesmo que vou ter que bloquear comentário anônimo ? =S

    ...

    Sim. Esse texto não fala especialmente do futebol. O mesmo merece um texto dedicado a ele... terá em breve... rs

    Bjundas!

    (Marcus Paulo Moreira Matias)

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  3. Lindo....(...Palmas...)
    Mas não podemos deixar de lado o detalhe do gosto da garota...Mesmo sendo bonita, pele, boca e nariz bonitos...não podemos esquecer que o garoto tem que tomar as devidas precauções , a menina não deixa de ser corintiana...CUIDADOOO....rs

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  4. Bem lembrado, Ana. aksopkaopskaposkpoaksopask

    (Marcus Paulo Moreira Matias)

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  5. Que lindooo! *-*
    Mas, não virasse a casaca, né? huahuaha

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  6. Ah na hora que a bola rola denovo, a rivalidade vem à tona ^^

    (Marcus Paulo Moreira Matias)

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