Desperto assustado
Num sol que invade meu rostoA boca cheia de sal
O peito cheio de nós
Queria mesmo era repousar nessa areia
Respirar com as algas
Me iludir com a sereia
Com esse meu pensamento revolto
Com essa minha onda que engole
Afasto os banhistas
Pudera eu ser rio
Pra adoçar tua boca
Irrigaria todas suas plantas
Nutriria todas suas flores
Sei que a onda é ser pacífico
Mas meus tempos são de maremoto
Meus peixes já sentem as dores das espinhas
E ainda tenho muito gelo a derreter
Vedes essa minha força explosiva?
Em pouco tempo vira espuma
Navego todo dia de ressaca
Enfrento mil rochas por segundo
Ando me distraindo com os piratas
Continuarei afundando titanics
Me simpatizo com barcos solitários
Embora também admire os surfistas
Peço-lhes apenas que salvem as baleias
É dentro delas que me escondo aos domingos.
(Marcus P. M. Matias)