domingo, 24 de julho de 2011

Uma carta ao meu primo Eugênio


"Boa Noite, meu caro.
Depois de mais uma soneca, de um dia de sábado, me vem a notícia: O Eugênio está se casando neste exato momento.
No primeiro momento, pensei:
Que bom, ele deve estar se sentindo bem, feliz...
Mas ao olhar algumas fotos de nossa infância, meu coração disparou, minha mão grudou na testa, fiquei perplexo.

...

Realmente, o tempo passa.
Não basta os outros falarem, não basta nem Cazuza dizer que o Tempo Não Pára. É só quando nos ocorrem esses momentos que a gente sente, percebe, que aquele tempo passou...
Com as vistas embaçadas, com o papel molhado de lágrimas é duro dizer:
Infelizmente muita coisa que sonhamos e até planejamos não aconteceu. Os nossos pais ainda são os mesmos, as minhas dúvidas ainda são as mesmas, as tuas certezas também...
A como eu queria voltar naquele tempo em que ao levantar a peneira e vê-a cheia de piabinhas, mesmo que com um pouco de galho, era como se sentir um cara realizado.
Desbravar as matas de um pequeno córrego. Correr atrás da bola. Sentir o fogo daquele fogão à lenha...
Como era bom julgar as atitudes dos nossos tios, nossos pais, nós podiamos fazer isso. Nós eramos puros, tinhamos a ficha-limpa, tinhamos uma vida inteira pela frente...

Mas o tempo passou... e hoje...

Você já tem uma filha. Mora longe. Os nossos pais continuam acreditando que estão certos, eles ainda discutem os problemas de sempre, sempre que tem oportunidade. O video-game está encostado. Será que está tudo gravado numa fita ?
E as nossas cabanas ? Os dias as derrubaram... A tapera velha está caindo, vai cair. O fogo do fogão à lenha, o vento apagou... A nossa pequena ilha no 'córguinho' a mata cercou. As fotos da lolita se apagaram e os bambus que serviam de traves pro nosso gol, secou...
Mas muita coisa ainda está de pé, no seu lugar: O vô, a vó, o fusca, o curral... O córrego ainda se encontra vida, as orquídeas continuam brotando, os peixes ainda caem nas nossas íscas, acho que fomos nós que mudamos, pra melhor, ou pior...

E num clima meio melancólico vou me despedindo... O tempo levou muita coisa, mas nos trará muito mais, como a sua filha, como o seu casamento, por exemplo. Penso que o importante é tentarmos viver o depois como viviamos antes, curtindo os mínimos detalhes, curtindo cada segundo. E que quando acharmos que já sabemos de tudo, que uma pedra voe em nossas cabeças e faça-nos descrer dessa bobagem.

Um brinde a você. Um brinde a sua nova família.

Eu brindo daqui com mais uma dose de sertralina, você brinda daí, com mais uma dose de Deus.

Um forte abraço, nos vemos em breve...

(Marcus Paulo Moreira Matias)

5 comentários:

  1. Confesso que esta faltando pouco pmera escorrer as lágrimas que não me deixa ler bem!!!

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  2. Realmente o tempo passa, muito boom!! :)

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  3. O 1º Anônimo não sei quem é, o segundo sei que é a Karine, de qualquer forma, agradeço os comentários...

    Penso que independentemente do resultado disso tudo o que valeu foi a nossa luta pra resolver a questão...

    (Foi não, é a nossa luta...)

    Abraço a todos!

    (Marcus Paulo Moreira Matias)

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  4. ... acabei de viajar ... fui na roda dagua ... durmi me cobrindo com aquela coberta amarela friorenta... acordei fui pro curral... come pao de quijo .... comi castanha.... passei mal de tanta pamonha.... ri .... matei morcegos... roubei milho... e tudo mais...

    tava com saudade....

    Obrigado pelo passei ....

    ASS: Genim

    (desculpe a demora)

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  5. É meu caro, tempo bom que não volta mais, mas isso não é novidade pra ninguém...

    Bom, temos o infinito todo pra nos reencontramos nessa situação...

    forte abraço.

    (Marcus Paulo Moreira Matias)

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