domingo, 22 de outubro de 2017

Aos domingos

Desperto assustado
Num sol que invade meu rosto
A boca cheia de sal
O peito cheio de nós

Queria mesmo era repousar nessa areia
Respirar com as algas
Me iludir com a sereia

Com esse meu pensamento revolto
Com essa minha onda que engole
Afasto os banhistas

Pudera eu ser rio
Pra adoçar tua boca
Irrigaria todas suas plantas
Nutriria todas suas flores

Sei que a onda é ser pacífico
Mas meus tempos são de maremoto
Meus peixes já sentem as dores das espinhas
E ainda tenho muito gelo a derreter

Vedes essa minha força explosiva?
Em pouco tempo vira espuma
Navego todo dia de ressaca
Enfrento mil rochas por segundo

Ando me distraindo com os piratas
Continuarei afundando titanics
Me simpatizo com barcos solitários
Embora também admire os surfistas

Peço-lhes apenas que salvem as baleias
É dentro delas que me escondo aos domingos.

(Marcus P. M. Matias)

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